06/10/2017 – Valor Econômico
Maior produtora mundial de celulose de eucalipto, a Fibria já responde virtualmente por um quinto do mercado global de fibra curta. Quando a nova linha de produção de Três Lagoas (MS) estiver operando perto da capacidade nominal, o que vai ocorrer nos próximos meses, a companhia vai superar a marca de 8 milhões de toneladas por ano entre produção própria e de terceiros, equivalente a 20% do consumo global de fibra curta.
Antes do projeto de expansão Horizonte 2, que entrou em operação na segunda metade de agosto, a Fibria tinha capacidade instalada de 5,3 milhões de toneladas por ano. A esse volume se somam 900 mil toneladas de fibra curta produzidas pela Klabin e comercializadas pela companhia. Com a nova linha, que em determinados dias já superou a marca de 5,5 mil toneladas, a companhia cresceu 1,95 milhão de toneladas por ano.
A nova envergadura deve permitir que a produtora brasileira exerça maior influência nas cotações internacionais da commodity – hoje ditadas por demanda e o mercado da China. Ao mesmo tempo, mantidas as condições de preço e câmbio, a nova linha eleva em 37% o volume de produção da companhia e em 50% o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), de acordo com o diretor de Operações Aires Galhardo. No ano passado, esse resultado foi de R$ 3,742 bilhões. Na geração de fluxo de caixa livre, a adição chega a 85%.
Questionado sobre o retorno do projeto, que entrou em operação antes do prazo estimado, com investimento abaixo do projetado e desempenho operacional neste momento melhor do que o esperado, o executivo afirmou que o “ROE deve ser bastante mais atrativo do que o esperado”. “Cumprimos todas as condições estruturais e estamos mais competitivos no operacional”, destacou.
Segundo Galhardo, a perspectiva é positiva para os preços da celulose. Ainda assim, no próximo ano, caso a celulose entre em tendência de desvalorização, a Fibria poderá tentar interferir nesse movimento com a retirada de matéria-prima com maior custo de produção do mercado. Entre 200 mil e 300 mil toneladas poderiam deixar de ser produzidas nesse contexto, acrescentou.
A companhia revisou novamente o orçamento do projeto Horizonte 2 e reduziu o investimento total a R$ 7,345 bilhões, frente a R$ 7,5 bilhões calculados anteriormente e a R$ 7,7 bilhões estimados em 2015, quando foi anunciado. De acordo com o diretor de Engenharia e Projetos da companhia, Júlio Cunha, a redução do investimento foi alcançada ao longo do tempo diante de ganhos na negociação com fornecedores, redução das contingências, produtividade e gerenciamento de custo.
“São dois anos com inflação e fechamos abaixo do previsto. A variação cambial teve participação menor”, afirmou o executivo. A Fibria prevê, neste momento, produzir 377 mil toneladas de celulose na nova linha neste ano. Mas, em setembro, a linha já superou em 50% o projetado para curva de aprendizagem, que poderá ser cumprida em nove meses. “”A perspectiva é que a gente vá superar o projetado. [A nova linha] está indo melhor que H1 [primeira linha produtiva da unidade]”, afirmou Galhardo.
Para o próximo ano, a previsão é que o volume de produção em H2 chegue a 1,755 milhão de toneladas, subindo a 1,85 milhão de toneladas em 2019. No total, a capacidade instalada é de 1,95 milhão de toneladas por ano, que será atingida em 2020.
O primeiro fardo de celulose saiu da nova linha em 26 de agosto, três dias depois do início de operação. Foram 25 meses de obras, com partida da fábrica três semanas antes do previsto em contrato com o principal fornecedor. O custo de produção esperado é de US$ 116 por tonelada de celulose, entre os mais competitivos do mundo.
Fonte ( http://www.revistaferroviaria.com.br/index.asp?InCdEditoria=2&InCdMateria=26882&pagina=1 )